Muito mais que rótulos…mulheres são vida e sonhos

Muito se fala em Dia Internacional da Mulher, direitos femininos, empoderamento. Mas será que todas estas referências são realmente permitidas à todas as mulheres ou é somente mais demagogia?

Este será nosso assunto de hoje, mas abordado dentro do contexto de saúde, que é nossa área de atuação. Se fizermos uma retrospectiva na história, temos a conquista das mulheres quanto à sua liberdade sexual e a autonomia do seu corpo em relação à maternidade, que se deu com a chegada dos métodos contraceptivos. E quando falamos em saúde da mulher, vamos muito mais além do que exames e consultas. Falamos também de uma pessoa, que merece ter seu lugar na sociedade e desfrutar de uma vida plena e gozo pleno de seus direitos.

A imagem da mulher está sempre ligada a um título: mãe, avó, filha, esposa, funcionária, profissional, e muitos outros. Mas por traz desta alcunha, temos uma mulher, que também tem sonhos, tem metas pessoais e desafios que somente ela pode vencer. E tomando como base estas premissas para os cuidados de saúde, por que não oferecer à mulher recursos para que ela possa cuidar de si?

Para as mulheres que sonham em ser mães, oferecer acesso a um pré-natal completo, próximo de sua residência e com uma maternidade de referência, que trabalhe com respeito à individualidade feminina, reduzindo as tristes estatísticas de violência obstétrica, permitindo que ela viva plenamente o sonho da maternidade. Cuidados puerpérios adequados para mães e recém-nascidos, afim de diminuir os casos de mortes maternas.

Para as mulheres que têm outras metas, por que não oferecer cuidados adequados relativos a métodos contraceptivos, planejamento familiar, atenção preventiva à saúde da mulher? E para as mulheres transexuais, que muitas vezes tem negado até direito a serem chamadas pelo seu nome, por vezes marginalizadas em seu cuidado à saúde por preconceitos?

E muito além dos cuidados físicos, estão os cuidados psicológicos. A valorização da mulher como um ser humano, que ao mesmo tempo em que se preocupa com a família, tem desejos para si. Enxergar a mulher por este viés em cada consulta, é valorizar os seus direitos e dá-la poder para continuar sua jornada de vida.

E o interessante, é que justamente em uma consulta do tipo que nos levou a esta reflexão sobre as mulheres e o que elas representam.

“Normalmente eu venho com minha filha ou com a minha avó, mas hoje vim falar de mim”. O nome dela é Dandara, mulher negra, 34 anos. Mas apesar do papel de mãe, neta ou esposa, ela queria falar dela, sorrindo, pois iniciara na aula de Zumba e gostaria de pedir orientações de alongamentos. Estava feliz por sentir o corpo novamente pulsando de energia, sentia-se viva. E que mais marcou ao final da consulta foi sua observação: “Obrigada pela dica! Às vezes a gente vem aqui e parece que só é vista como mãe da fulana, me perguntam se tomo remédio, se o marido está controlando a pressão, se estarei em casa para a visita da avó…. Até a gente mesmo esquece que é uma… pessoa.”

E apesar da difícil escuta desta observação da Dandara, nos sentimos gratos, por poder ter a oportunidade de entender a aprender a olhar as mulheres com outros olhos, que muito além de pacientes, são seres que merecem todo o nosso respeito e atenção.

E para fecharmos este texto, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, um agradecimento em nome de todas as mulheres especiais da nossa sociedade:

“Obrigada você, por me lembrar, nesse dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher, que somos mais que mães, reprodutoras ou cuidadoras. Somos pessoas, que devem ser cuidadas no seu complexo paradigma biopsicosocioespiritual.”