Objetivos educacionais, para que te quero?!
Na educação, decidir e definir os objetivos de aprendizagem significa estruturar, de forma consciente, o processo educacional de modo a oportunizar mudanças de pensamentos, ações e condutas. Do ponto de vista dos discentes, nos quais todo o ensino deve ser centrado, tal planejamento é fundamental, pois fica substancialmente mais fácil atingir determinado nível de desenvolvimento quando é exatamente claro o que deles é esperado durante e após o processo de ensino. No entanto, para muitos docentes tal etapa de planejamento educacional ainda soa estranha, difícil ou mesmo descartável, de modo que muitos ainda a fazem de modo inconsciente e assistemático. É neste contexto a Taxonomia de Bloom, um dos instrumentos existentes a tratar desse tema, pode vir a facilitar o planejamento, organização e controle dos objetivos de aprendizagem.
Você não define objetivos educacionais! 😱
Da mesma forma que ocorre a outras ciências, a classificação, denominação e organização de um sistema pré-determinado, oferece base para melhor entendimento de um fenômeno em estudo, como é, para a educação, o processo educacional. Uma vez modelado é perceptível que dentro desse processo se conjugam várias elementos que, do ponto de vista do educador, cabe sinergizar, como a metodologia de ensino e a metodologia de avaliação. No entanto, a todas essas escolhas deve preceder a estruturação primeira do objetivo educacional, sob o qual todos os outros elementos se assentam. Sobre isso, a Taxonomia de Bloom Revisada dispõe que os objetivos tem um caráter bidimensional: a parte substantiva, que declara o que é esperado que os discentes aprendam; e parte verbal, que declara como é que os discentes aprenderão e, de forma coerente, em que nível de profundidade é esperado que aprendam. Nesses termos, os verbos carregam em si a significância do domínio em que o processo educacional ocorrerá: Domínio Cognitivo, relacionado ao aprender intelectual; Domínio Psicomotor, relacionado ao aprender de habilidades; ou Domínio Afetivo, relacionado ao aprender de comportamentos e posturas. E, para além disso, os verbos carregam também o nível, dentro de cada um desses domínios, em que o aprendizado deverá chegar, a exemplo da crescente profundidade que ocorre, no domínio cognitivo, desde o Relembrar até Criar. Para melhor entendimento desses elementos, veja a tabela abaixo.
E mais do que isso: existe uma relação hierárquica a cada nível, de modo que em geral, só pode ser atingido um nível superior se o nível anterior também o foi, como uma escada, veja só:
Uma vez entendida a lógica bimensional e hierárquica dos Objetivos Educacionais, torna-se mais fácil desenhar Objetivos de forma lógica e sistemática. Entretanto, ainda que agora parece mais compreensível, pode ser que tal desenvolvimento permaneça bastante difícil e enfadonho. É justamente para driblar isso e facilitar o processo de desenho de objetivos educacionais que esse Construtor Automático foi criado! Acesse ele aqui e construa facilmente os seus objetivos educacionais.
Após ter utilizado o Construtor Automático e concluído o desenho de tantos quantos são os Objetivos Educacionais necessários, pode parecer que tenhamos cumprido nossa tarefa como docentes dentro da idéia de planejamento do processo educacional. No entanto, nem só de Objetivos Educacionais se fazem os currículos mais modernos. Na verdade, dentro da nova perspectiva atual, mais construtivista, houve uma completa redefinição do sentido dos conteúdos de ensino a fim de atribuir sentido prático aos saberes escolares, abandonando a preeminência dos saberes disciplinares para se centrar em competências verificáveis em situações, tarefas e problemas específicos. Por competência se entende, seugndo Philippe Perrenoud, como “a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc.) para solucionar uma série de situações”. Panoramicamente, esse conceito se apropria dos Objetivos Educacionais de forma pluridisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar numa idéia de transversalidade dos conhecimentos. Desse modo, conteúdos disciplinares passam se constituir num meio, ou seja, num suporte para a construção de competências e não num fim em si mesmo. Essa lógica pode ser melhor compreendida pelas imagens abaixo, uma das quais introduz outro conceito emergente: EPAs.
EPAs requerem a integração de competências, usualmente de um ou mais domínios. Para cada competência, por sua vez, são sintetizados objetivos educacionais com seus respectivos níveis de performance. Desse modo, existirão aprendizes capazes de exercer de forma autônoma determinada atividade ou aprendizes que ainda necessitam de maior supervisão.
Referências: 1. FERRAZ, Ana Paula do Carmo Marcheti; BELHOT, Renato Vairo. Bloom’s taxonomy and its adequacy to define instructional objective in order to obtain excellence in teaching. Gestão & Produção, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010. 2. Bloom, B.S. (Ed.). Engelhart, M.D., Furst, E.J., Hill, W.H., Krathwohl, D.R. (1956). Taxonomy of Educational Objectives, Handbook I: The Cognitive Domain. New York: David McKay Co Inc.
3. Krathwohl, D.R., Bloom, B.S., Masia, B.B. (1973). Taxonomy of Educational Objectives, the Classification of Educational Goals. Handbook II: Affective Domain. New York: David McKay Co., Inc.
4. TEN CATE, Olle. Entrustability of professional activities and competency‐based training. Medical education, v. 39, n. 12, p. 1176-1177, 2005.
5. SOUZA, Zilmar Rodrigues de; BIELLA, Jaime. Currículo Baseado em Competências. Natal: SESI, 2010. Colaboração: José de Castro, Gilson Gomes de Medeiros, Ilane Ferreira Cavalcante, Artemilson Alves de Lima. Projeto SESI – Curso Currículo Contextualizado